Graus de Idealismo

Me considero uma pessoa idealista por decidir viver da música. Mas, por mais incrível que possa parecer, isso não impediu que sofresse preconceito por parte de outros músicos, durante alguns anos.

Fui chamado de vendido, prostituto, e coisas desse tipo, pelo simples fato de aceitar tocar estilos musicais, digamos assim, mais populares. Alguns músicos mais "refinados" torciam o nariz para aqueles que topassem encarar um trabalho brega, como se estivéssemos trabalhando em algo insalubre.

Depois de pensar um pouco nesse assunto, entendi que existem jeitos diferentes de encarar a carreira musical: o idealista e o ultra-idealista.

Os idealistas se contentam em trabalhar com  música, e topam fazer, se for necessário, trabalhos que não sejam do seu gosto em particular (desde que paguem decentemente... ou simplesmente paguem...), para que possam se manter daquilo que amam fazer.

Os ultra-idealistas também amam a música mas, por outro lado, optam por um estilo em particular, geralmente algo mais sofisticado e conceitual, como jazz, para ser aquilo que irão tocar, mesmo que a paga seja pequena e tenham que se virar com outras coisas (dar aulas, por exemplo) para complementar seu orçamento.

Não pense, no entanto, que o preconceito é unilateral. Já ouvi (e falei) muitas coisas sobre os ultra-idealistas, e adjetivos como "bitolados" e "radicais" são usados com generosidade nessas ocasiões.

Hoje posso dizer que entendo tudo isso com uma questão de opção individual, e que limitar a música em setores "dignos" ou "indignos" é algo prejudicial ao próprio músico. Saber respeitar as diferenças é fundamental, entendendo a riqueza e comprometimento de cada um, mesmo que não seja a sua opção.

Porque, no fim das contas, somos todos músicos.

Abraço,

Claudio

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