O Chato

Algumas pessoas me falam que uma coisa legal nesse blog é que coloco algumas dicas para quem está na profissão, ou pelo menos querendo entrar.
Então, hoje vou colocar mais uma:
"Seja chato com você mesmo".
Nos últimos 2 dias, estive gravando um CD com alguns candidatos do programa "Ídolos", no estúdio Captain, do produtor Marco Camargo. Os arranjos ficaram aos cuidados do Beto Paciello.
Como os cantores começam a colocar voz nessa 6ª feira, tivemos que entrar na madrugada para deixar as bases prontas.
Aí, a última música foi gravada às 3hs da manhã dessa 6ª feira. Meu corpo, minha cabeça e minha concentração estavam pedindo urgentemente por um bom travesseiro.
Começamos a gravar e um dos músicos errou. Com as minhas baterias no fim, me atrapalhei com o erro e também dancei. Caiu um objeto no chão, e errei de novo.
Poderia ouvir a música e gravar os 2 pontos, mas pedi:
"Vou gravar mais uma do começo."
No começo de carreira, tinha uma super vergonha de pedir mais um take, porque achava que iria me queimar, passar por um músico sem competência para fazer de primeira, como todo "top" deveria fazer (pelo menos era o que eu pensava). Confesso que cheguei a deixar algumas "imperfeições" sem correção... Que vergonha...
Mas descobri que esses erros, talvez imperceptíveis, deixados no caminho pela preguiça e timidez do momento, iriam me perseguir mais tarde. "Porque eu não corrigi isso antes? Será que vai dar para perceber quando estiver mixando? Vai aparecer no CD pronto?"
Depois de 1 ano no mercado, decidi que alguém deveria ser muito chato comigo, e esse alguém tinha que ser eu mesmo. E tem sido assim desde então.
É claro que quando gosto de um take, mas errei algum ponto, peço ao técnico para refazer apenas aquele trecho. Mas como o cansaço prejudicava o meu julgamento, naquele momento achei mais prudente gravar a música inteira.
Uma coisa interessante: esse "controle de qualidade 100%" nunca me prejudicou. Produtores zelosos gostam de ver seus trabalhos sendo bem cuidados pelos músicos, e ontem pude perceber isso mais uma vez. Obviamente, não fico tentando acertar a música 1000 vezes. Aí sim a vaca iria pro brejo. Mas é uma postura que tem revertido bons resultados, e acho que essa é uma boa dica.
Abraço,
Claudio

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