Tabelando…


Desde minha primeira carteira da O.M.B. (Ordem dos Músicos do Brasil), detestei aquela entidade.

Minhas idas anuais para renovação da carteira, ainda no largo do Paissandú, eram deprimentes: o ambiente, o tratamento, e aquele "teste" feito num violão velho e desafinado, onde me pediam para tocar "uma escala", "um sambinha", ou "qualquer coisa" (juro que foi verdade), todas essas coisas foram me revoltando ao longo do tempo.

Hoje, graças à tecnologia, não preciso mais ir lá. O boleto chega em casa, e pago minha anuidade pela internet. Menos mau...

Mas, devo confessar, sinto falta de uma coisa: a tabela da O.M.B.

Para aqueles que não sabem do estou falando, existia uma tabela de preços a serem cobrados pelo músico. Se você fizesse um show, existia um preço oficial que deveria ser cobrado. Se fosse uma gravação, a mesma coisa. E por aí vai: jingles, arranjos, programas de TV, etc, estava tudo lá.

Você pode dizer: "os preços" eram irreais, ou "ninguém paga isso". Posso até concordar. Mas, na verdade, o mais importante de tudo isso era o fato de termos uma referência.

Lembro como se fosse hoje... minha primeira gravação como profissional, em 1997. Na hora de combinar o cachê, me disseram: "o cachê é meia tabela". Na época isso era 30 reais.

Hoje essa referência está tão diluída que às vezes é motivo de chacota citá-la. Acredite se quiser, ainda hoje (2012) existem músicos gravando por 30 reais a faixa (uma ida em algum estúdio no centro de SP é esclarecedora), e outras aberrações como querer pagar o valor referente a 2 shows para os músicos gravarem um DVD, ou contratar um músico para uma apresentação de 2 horas com o "super" cachê da foto.

Estou defendendo a O.M.B.? De maneira nenhuma! Apesar de ainda ser obrigatória em vários lugares hoje em dia (tente tocar num SESC sem ela), ela fez por merecer em ser uma entidade detestada pelos músicos: desconto em algum chalé dentro de uma colônia de férias, ou a truculência de seus fiscais aparecendo antes de shows, não para saber se os músicos estão tendo condições dignas de trabalho, mas se "as carteirinhas estão em dia" são o tipo de coisa que faz qualquer saber que é um imbecil em pagar a anuidade.


Mas, você quer saber ao menos quanto deveria estar ganhando, aproximadamente (porque a única que encontrei, pelo menos de SP, é de 2011)? Aqui vai:



Gravação de CD: R$ 263,00 por faixa (sendo que existe uma chamada mínima de 3 faixas);


Gravação de DVD: R$ 525,00 por faixa;


Arranjo: R$ 1.693,00 por faixa;


Show com artista nacional: R$ 1.024,00.



Isso deve ser animador para aqueles que se gabam de acompanhar algum artista por R$ 300,00 o show, mas fazem 25 apresentações num mês. Ótimo! Mas, o que é mais legal, o que você está ganhando, ou o que você DEVERIA ganhar? Faça as contas…


Abraço,


Claudio

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