O dia em que o cabeção pirou

Me lembro como se fosse hoje: meu primeiro dia de aula de contrabaixo com o Aldo.
Sentei de frente para ele, e ele me pediu para pegar o baixo e tocar alguma coisa. Como bom aprendiz do Steve Harris, tentei tocar minha coleção de melhores linhas, para começar impressionando. Tocava e dava uma verificada com o canto do olho, e nada. Nenhuma expressão. Paisagem total. Ops! Algo não estava saindo como o planejado...
Quanto terminei, ele me olha e fala: "Bom, sua mão direita até que está legalzinha, mas a esquerda está uma @$%$#@!." E começou a "descer a lenha" em todos os meus defeitos técnicos, até então desconhecidos por mim.
Para resumir, depois de um esculacho histórico de 40 minutos, e uma tonelada de escalas e exercícios para estudar na semana, eu estava a xerox de mim mesmo.
Foi quando tirei uma fita K-7 (entreguei a idade) da mochila, que tinha acabado de comprar na Galeria do Rock. Chamava "One Of A Kind", do baterista Bill Bruford . Tinha um baixista que, segundo meu amigo dono da loja, era espetacular, chamado Jeff Berlin.
Como um fã do Iron Maiden, eu já tinha minha imagem de baixista espetacular, mas quando o Aldo colocou a fita para tocar, o cabeção pirou!
Simplesmente não dava para acreditar que alguém conseguisse tocar com aquela técnica, velocidade e limpeza! Entendi na hora as críticas que havia recebido, só de ouvir o Jeff tocar.
Quando chegou em uma música chamada "Travels With Myself", aconteceu o inesperado: solo de baixo! Sem brincadeira, foi a primeira vez que ouvi um, e graças a Deus comecei bem, já que todos conhecem as inúmeras piadas sobre solo de baixo. Até casamento falido já salvou...
O Aldo ficou com a fita e transcreveu o solo. Quem quiser tocá-lo, vale a pena o desafio.
Abraço,
Claudio

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