Polanski e a Melodia Perdida

Hoje fui gravar uma faixa para o CD instrumental de um grande amigo. Um tema muito bonito, com melodia de fretless no começo, tudo com muito bom gosto.

Gravei o tema uma vez, e meu amigo pediu: "podemos fazer mais uma?"

Gravei outra vez, achei que tinha ficado bom, aí veio o pedido: "você poderia tocar essa parte sem o slide no baixo?"

Mais uma vez, gravei o tema sem o slide em uma parte especifíca. Só que a cada take que gravava, ele me pedia para mudar um ornamento, uma articulação, etc.

Apesar de achar que os takes estavam bons, fui ficando meio preocupado da opinião do meu amigo não ser a mesma que a minha.

Até que entendi...

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Assistindo o making-of do filme "O Pianista", uma coisa que me marcou muito foi o fato de que várias cenas foram as lembranças de infância do cineasta Roman Polanski. Isso tornou o processo muito mais complicado: "os tijolos dessa parede onde acontece tal cena, eles eram diferentes. Vamos fazer como tenho na lembrança." Cada detalhe do filme era como um retrato da sua infância, e ele queria ver as coisas como elas de fato aconteceram.

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De repente ele me diz: "cara, tâ legal pra caramba, mas a maneira como lembro dessa música (gravada há quase 20 anos atrás) é diferente. O baixista tocava de uma maneira que guardei na memória esses anos todos."

"Vamos lá, então. Quero que você fique contente. Vamos achar esse som que você tem na cabeça."

E só terminei quando vi seu sorriso.

Abraço,

Claudio

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