Que Falta Faz Uma Colcheia

Recentemente, toquei com um artista no interior de São Paulo. Daqueles que montam a banda em cima da hora, a ponto de conhecermos os músicos no palco.

Dessa vez conseguimos fazer um ensaio durante a semana e tudo transcorreu bem, na medida do possível. Digo na medida do possível porque o baterista não lia partitura. Ou seja, tudo que fosse combinado no ensaio ficaria guardado nas nossas "parts", e na memória dele: convenções, introduções, etc.

Começamos a tocar, e tudo transcorria bem, até chegarmos a uma determinada música. Simples e bonita, do Milton Nascimento. O combinado era o violão fazer a primeira parte com a voz, e a banda entrar na segunda vez. Ficamos esperando nossa deixa e entramos.

Aí aconteceu...

O baterista entendeu que a música começava uma colcheia antes...

A banda entrou, e imediatamente aquela sensação de tontura tomou conta. A música virou uma complicada mistura de melodias sincopadas e acordes antecipados. Olhamos para o baterista, que estava totalmente perdido. Alguém tentou ajudar, dando o tempo "1" do compasso, e nada. Passamos uma parte da música tentando arrumar a coisa, mas parecia que não fazia sentido na cabeça do cara. Fiasco à vista: será que vamos ter de parar ou ficar tentando nos equilibrar?

Até que, quase por milagre, o baterista conseguiu arrumar a casa, depois de muito sofrimento, e conseguimos terminar todos juntos.

Acho inacreditável que isso aconteça ainda hoje nesse nível de trabalho, mas... aconteceu...

Quem mandou não estudar leitura? Tava tudo lá!

Abraço,

Claudio

Comentários

Claudião, o que se faz numa dituação dessas: para a música, pede desculpas e cmeça de novo ou vocês tentam se achar, como vocês fizeram? O que pe menos traumático?

Abraçõ, Marcos.
Claudio Rocha disse…
Marcos, parar jamais, o negócio tem que estar no último suspiro para isso acontecer.
Na verdade isso depende da tarimba de cada um. Um músico mais velhaco, se errasse, tentaria dar a entender que é parte do arranjo. Provavelmente pararia ou faria um "clima" no instrumento, até pegar o jeito certo, e começar pra valer. Com aquela cara de que nada estranho aconteceu, rsrsrsr.
Abração!
Claudião
Edu Fettermann disse…
Mas e músico que não lê partitura tem espaço nesse tipo de trabalho? Que esquisito, cara! Corre o risco de acontecer sempre isso aí, o arranjo sair todo embolado. Como diz um amigo meu, o negócio é acreditar no que tá tocando, a ponto de você errar e todo mundo achar que só você fez a nota certa =).
Lion disse…
Situação complicada...
Acho que se o cara não quer aprender a ler partitura tem que fazer igual eu desiste de ser músico e toca em casa para criançada, rssssssss!!!!

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