Os Dedos & A Cabeça

Pegando carona na minha citação anterior, quero falar um pouco sobre técnica e teoria musical.

Uma das coisas que mais presenciei em meus anos como professor de baixo foi exatamente a falta de equilíbrio entre esses dois pontos em meus alunos.

Geralmente, a técnica é mais interessante: exercícios de escalas, arpeggios, padrões, digitação, mecânica, velocidade, licks, tudo isso seduz muito rapidamente o aluno, e muitos deles acabam se contentando apenas com essas coisas. Até porque, quando você toca muito rápido, além de impressionar, o ouvido começa a não distinguir muito bem quais notas estão sendo tocadas. Ainda mais no baixo, onde o grave às vezes deixa tudo mais sem definição.

Alguns se esquecem que, em situações de música comercial, a quantidade de notas não é o mais importante (lembram do famoso "menos é mais"?), e aí começa a confusão. A escolha é importante, mas como irão escolher, se não sabem onde e como aplicar uma escala? Já presenciei alguns baixistas muito técnicos criando linhas totalmente infantis, quando são pressionados a colocarem menos notas, a fazerem frases mais devagar. Muitas vezes, a velocidade cobre uma multidão de pecados…

Por outro lado, existem aqueles que adoram a teoria, por incrível que pareça: alunos que sabem toda a estrutura das escalas, sua aplicação, intervalos, campo harmônico, vários conceitos, etc. Mas não se esforçam em colocar em prática essas coisas. Sua técnica é pouco desenvolvida, e o resultado sonoro, no final das contas, é decepcionante. Apesar da parte mental estar em dia, a parte física impede (parcialmente ou na totalidade) que coloquem as idéias para fora de maneira satisfatória.

O ideal, na minha opinião, é sempre o equilíbrio entre as coisas: saber o que está tocando, e como está tocando. A teoria não depende do talento, mas algumas pessoas simplesmente ignoram que ela sempre vem acompanhada de uma aplicação de fato: intervalos, talvez sem graça no papel, podem soar muito bem nos instrumentos, assim como uma frase colocada corretamente na harmonia. Sem a teoria, a prática vira um tiro no escuro. E sem a prática, a teoria é simplesmente um monte de nomes, números e símbolos.

Quando os dedos e a cabeça caminham juntos, o único obstáculo que resta é o bom gosto, e esse é um assunto para uma outra conversa…

Abraço,

Claudio

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