Som de Gringo?

Em um mercado de música dominado por estrangeiros, é comum uso de referências para gravação.

Frases como "essa música é para tocar como inglês", ou "essa é na praia do U2", fazem parte do dia-a-dia daqueles que trabalham nos estúdios por aí.

Mas, o que isso significa para os baixistas?

Se você respondeu que isso significa que os baixistas devem tocar como os ingleses, ou como o baixista de uma determinada banda, há uma enorme possibilidade de estar enganado.

Uma das maiores frustrações que já tive em gravações foi justamente essa. Por crescer ouvindo música estrangeira, e analisando as linhas de baixo dos "gringos", ficava "passado" quando começava a ouvir o famoso "pode pôr mais notas". Será que os caras estão ouvindo as mesmas coisas que eu? Querem uma linha do U2, mas será que o Adam Clayton tocaria esse monte de notas? Duvido, mas…

Comecei a entender que uma parte daqueles que pedem esse tipo de abordagem, se refere muito mais às linhas de guitarra e bateria, do que especificamente ao baixo. Alguns sequer ouvem o baixo, colocando suas referências em falantes de Notebook.

Um ponto a ser ressaltado é que isso não é uma coisa generalizada. Me considero privilegiado em poder trabalhar com várias pessoas que gostam (e ouvem) de baixo, e que tem muito cuidado com suas concepções para o instrumento. A esses sempre tiro o chapéu. Graças a Deus, os últimos trabalhos que tenho feito têm sido dessa maneira.

Mas existem outros que pedem sem ter noção do que estão dizendo…

Bom, depois de compreender como as coisas funcionam, parei de me estressar com pedidos que às vezes me fazem sentir como se o baixista daquela dupla sertaneja universitária estivesse tocando no Coldplay. Porém, algumas vezes ainda fico um pouco incomodado de ouvir, depois de assassinar uma boa linha, aquela frase: "meu, esse baixo ficou gringo!"

Hã, hã, claro que ficou… "y la garantia soy yo"!

Abraço,

Claudio

Comentários

Elton Ricardo disse…
Great post.
Congras...

;-)

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