A Primeira Gravação

Estava lembrando a minha primeira gravação como profissional.
Era 1997, eu estava há 1 mês do meu casamento e recém desempregado, mexendo no computador e pensando no que iria fazer.
Aí o telefone toca.
Era uma produtora de um selo gospel, me dizendo que eu tinha sido indicado por um amigo de longa data, e perguntando se poderia gravar no dia seguinte.
"Claro", respondo.
O combinado era o seguinte: eu gravaria o CD. Se o maestro gostasse do meu som, teria outra 2 dias depois. Se ele não gostasse, receberia aquele cachê e tchau.
Depois de levar uma bronca do meu amigo por causa da minha timidez, que não passava nenhuma segurança para os produtores, fui gravar.
Chego no estúdio, e começo a ver os outros músicos chegarem, uns caras bem mais velhos que eu, e comecei a ficar apavorado. Estava pensando em chegar para a produtora e dizer que não queria gravar, que queria ir embora, mas desisti da idéia depois de lembrar da convincente indicação do meu amigo.
Viro para o guitarrista e digo: "cara, não leio muito bem".
Ele, não sei se por pena ou pelo medo de ficar no estúdio muitas horas a mais por minha causa, pegou as partituras e me mostrou aonde tinha frases escritas, etc.
Até que chegou a hora de gravar. De tão nervoso que estava, gravei meu take de primeira, com medo do produtor me mandar embora.
A segunda música veio, e no meio errei uma nota. Quando acabamos de gravar, disse: "errei uma nota", já esperando que o produtor me desse um sermão e me mandasse para casa.
Aí ele diz: "olha, a gente nunca trabalhou junto, mas eu queria que você soubesse que não precisa gravar nada de primeira, ok?" Ufa!
A gravação transcorreu sem maiores problemas. Quando chegou ao fim, a produtora, de maneira bem direta, pergunta: "e aí, maestro, gostou do baixista?"
A resposta "sim" foi a melhor parte do dia, porque daquele momento em diante sabia que havia sido mordido pelo "bichinho" da gravação.
Com agradecimentos ao Maurício Domene pela indicação que mudou a minha vida.
Abraço,
Claudio